domingo, 8 de junho de 2008

As testemunhas de Jeová e a transfusão de Sangue ?

Por que as testemunhas de Jeová não permitem a transfussão de sangue. Em que textos bíblicos elas se baseiam? - K.


A doutrina de que Deus veda e abomina uma medida eficacíssima de salvar vidas humanas, a transfusão de sangue humano, é relativamente nova na sistemática jeovista. Russell jamais pensou nela. Rutherford, idem. Mas logo após a morte do “juiz”, ocorrida em janeiro de 1942, já nos corredores da sede da Sociedade Torre de Vigia se cochichava alguma coisa a respeito da transfusão de sangue. Era ainda uma coisa vaga, que só três anos mais tarde assumiria definitivamente foros de doutrina a ser finalmente incorporada pela organização.

Sob a direção de Nathan Knorr, os “doutores da lei” do neorusselismo, a princípio timidamente, começaram a propalar a grande "descoberta": a transfusão de sangue é proibida pela Bíblia. E sem levar em conta o fato indisputável de que a Bíblia nem toca neste assunto, totalmente desconhecido nos tempos bíblicos, a revista The Watchtower (A Torre de Vigia), em sua edição (em inglês) de 1° de julho de 1945, pela primeira vez anunciou, num artigo intitulado “A santidade do sangue”, que “a transfusão do sangue humano constitui violação do concerto de Jeová, ainda que esteja em jogo a vida do paciente”. O pensamento jeovista sobre este assunto baseia-se unicamente numa interpretação errônea, livre, extra-contextual e inteiramente descabida das regras do sacerdócio levítico pertinentes ao sangue sacrifical dos animais. Citam livremente os versículos, sempre isolados do contexto, sempre separados do assunto a que se prendem.


Os textos mais usados são os seguintes:

Gênesis 9:4 – “Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.” Quem disse aos jeovistas que isso se refere à transfusão de sangue? Após o Dilúvio, não havendo ainda vegetação suficiente para alimento, Deus diz a Noé que, naquela contingência, podia usar alimentação cárnea, porém com o cuidado de tirar-lhe previamente o sangue. Não há aí nenhuma alusão, nem remota, ao sangue humano, e muito menos se refere a transfusões. O assunto é carne de animais. O assunto é alimentação por via oral. É comer, digerir, alimentar-se.

Levítico 3:17 – “Estatuto perpétuo será durante as vossas gerações, em todas as vossas moradas: gordura nenhuma nem sangue jamais comereis.” Primeiramente o adjetivo “perpétuo”, empregado no hebraico, é holam, e significa duração enquanto durar o fato a que se junta. As festas judaicas, luas-novas, páscoa, o sacerdócio arônico, etc., também eram “estatuto perpétuo”, mas não se celebram mais. Em segundo lugar, a proibição, no texto em tela, também se aplica ao consumo de gordura animal, e os jeovistas ainda não resolveram inventar um dogma sobre isso, para serem coerentes. Em terceiro lugar, o texto acima se refere a ofertas queimadas, e a parte dela que devia ser comida, com exceção da gordura e também do sangue. Essas razões serão explicadas mais adiante, mas o assunto ainda é alimentação via oral, e pertinente à carne, gordura e sangue de animais. Nada de humano. Nada de transfusão. Leia os versículos anteriores, com isenção de ânimo, e você terá o sentido exato. Para que distorcer?

Levítico 7:27 – “Toda Pessoa que comer algum sangue, será eliminada de seu povo.” Por que as testemunhas não apresentam o contexto? O versículo anterior dá claramente que é sangue de animais: “Não comereis sangue em qualquer das vossas habitações, quer de aves, quer de gado.” Não há a menor referência a sangue humano, e obrigar a significar transfusão é afirmar que minha avó é bonde elétrico! O assunto é alimentação por via bucal, refere-se a comer e digerir, e não a sangue transfundido.

Levítico 17:10, 11 e 14 – “Qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra ele Me voltarei e o eliminarei do seu povo.” “Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas: porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida.” “Porquanto a vida de toda carne é o seu sangue; por isso tenho dito aos filhos de Israel: Não comereis o sangue de nenhuma carne, porque a vida de toda a carne é o seu sangue; qualquer que o comer será eliminado.” As testemunhas costumam disparar estes três versículos juntos, e com muita ênfase, para tentar provar a tese contra a transfusão sangüínea, mas com deliberada má fé, porque omitem o contexto. Porque pulam exatamente o versículo 13 que esclarece: “Qualquer homem que caçar animal ou ave que se come, derramará o seu sangue, e o cobrirá com pó.” Aí está o sentido correto. É simplesmente o que a Bíblia diz. A Bíblia em lugar algum se refere a comer sangue humano, e isso porque não havia canibalismo entre os israelitas. A lei de Deus tem um mandamento “Não matarás”, no qual incorre inclusive quem permite que outros morram quando pode salvar-lhes a vida, como no caso da transfusão de sangue. Deus abominava e abomina a antropofagia. “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu.” Gên. 9:6. Aqui se refere ao homicídio e não às transfusões. Deus proíbe sacrificar pessoas a Moloque (Lev. 20:1-5). Portanto, todos os sacrifícios abonados por Jeová eram de animais, e o sangue desses animais não devia ser ingerido como alimento.

Levítico 19:26 – “Não comereis coisa alguma com sangue.” A ordem é não comer carne com sangue. Carne de animal. Não há referência a transfusões.

Atos 15:20, 29; 21:25 – São três versículos do Novo Testamento, idênticos na enunciação “que se abstenham (...) da carne de animais sufocados e do sangue.” “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados (...).” “Quanto aos gentios que creram (...) que se abstenham das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne das animais sufocados (...).” Será que Tiago, na primeiro verso, estava aconselhando os cristãos a que se abstivessem de comer sangue humano? Se foi assim, então havia canibalismo ou antropofagia na igreja primitiva. A referência, nos três versos, é à carne animal, comida como alimento. Sempre evitar de ingerir o sangue. Por aí se verifica que tudo resulta de falsa interpretação de textos que se relacionam com carne de animais. É verdade que Deus proíbe comer o sangue, bem como a gordura dos animais. Que razão havia para isso? Vamos dar a palavra a um cientista de renome e cristão, o Prof. Flamínio Fávero. Diz ele:
1. Fundamentalmente [não se deve comer sangue] para inspirar ao homem o respeito pelo sangue. É prescrição, assim, de caráter moral. Pelo sangue se respeita a vida, de que o mesmo é símbolo e até sede... Quando se toma um animal morto violentamente, escorrendo sangue, tem-se a impressão de que a vida ainda lateja naquela carne quente, e que essa vida se extingue justamente quando se for a última gata de sangue. O corpo humano tem grande porção de sangue, cerca de 1/13 do seu peso, ou seja, cinco litros para um peso de 65 quilos. Quando aberto um vaso, há hemorragia, e a morte sobrevém desde que a metade desse líquido se perca. Pelo mecanismo chamado dessangramento processa-se uma anemia aguda, de graves conseqüências, que apenas uma injeção de outro sangue, de tipo adequado, pela transfusão, pode combater.


“O sangue é a vida... E é pela circulação desse líquido que se realizam todas as trocas vitalizadoras nos lugares mais distantes e escondidos da economia orgânica. Bem cabe ao sangue, pois, a sinonímia que a Bíblia lhe empresta, de vida. (...) Enquanto tiverem [os animais] sangue têm resquícios de vida. E a vida não nos pertence, não é nossa...


2. Em paralelo com essa prescrição de caráter eminentemente moral, que apela para o respeito ao sangue, está outra de aspecto higiênico. (...) A quebra de preceito de higiene pode redundar em males gerais e individuais e, neste último caso, quando são capazes de atingir-nos, lembramo-nos de evitá-los. (...) O sangue não deve servir de alimento, porque é bastante indigesto, pelas albuminas bem resistentes dos seus glóbulos vermelhos e, ainda, pelo teor elevado de pigmento ferruginoso que os mesmos contêm. É desse pigmento, a hemoglobina, que deriva a cor vermelha especia1 que caracteriza o sangue dos mamíferos. E conforme a sua pobreza no mesmo, fala-se em maior ou menor grau de anemia, necessitando ser tratada por medicamentos contendo ferro ou que facilitem a sua fixação adequada.


“Como se não bastasse ser indigesto, o sangue se corrompe facilmente, putrefazendo-se. Basta sair dos vasos que o contém, para coagular-se, dividindo-se em uma parte sólida – o coalho – e outra líquida – o soro. E então, não tendo mais vida, os germes putrefativos invadem, transformando-o inteiramente, dando-lhe aspecto e cheiro repelentes. Compreende-se logo o que vai de perigoso no uso de alimento corrompido, cheio de toxinas venenosas, que causam grave dano à saúde e até a morte. Daí a sabedoria da Bíblia, mandando derramá-lo na terra, que o absorve. (...)” – Extraído do artigo “Não comereis o sangue de qualquer carne”, Fé e Vida, março de 1939, págs. 16 e 17 (itálicos acrescentados).

Falou a ciência autorizada. Uma coisa é alimentar-se, por via oral, do sangue de animais, que não deve passar pela química digestiva, tal o perigo que oferece à vida; e outra muito diferente é renovar a corrente circulatória, com o mesmo elemento que a compõe, depois da classificação técnica do tipo sangüíneo, repondo o sangue perdido, evitando a morte do paciente.


Quando ocorre uma transfusão, não se trata de comer sangue humano, nem de alimento, mas de reabastecimento circulatório, uma dádiva feita num espírito de misericórdia e caridade. As estatísticas da Cruz Vermelha, por exemplo, atestam que milhões e milhões de vidas preciosas foram salvas pela transfusão. Ao passo que, por outro lado, quantas vidas são ceifadas por falta de uma transfusão.

A Bíblia diz: “Não matarás.” Negar por vontade própria a transfusão salvadora, é matar, é transgredir a lei de Deus! E disse Jesus: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor de seus amigos.” João 15:13. E a vida é o sangue porque o sangue é a vida!

Quem quer que leia os Evangelhos, com espírito contrito, sem pensar nas extravagantes interpretações das “testemunhas de Jeová”, ficará impressionado com a atitude de Cristo em face do sofrimento alheio. Compadecia-Se dos doentes, curava-os, confortava-os onde os encontrasse. E nós, como servos Seus, como Suas testemunhas, devemos ter o mesmo espírito para com os doentes. Lemos em I João 3:16 que “devemos dar a vida pelos irmãos”.


As “testemunhas de Jeová” não mantêm nenhum hospital, nenhuma instituição de assistência social. Dizem que a missão deles é restaurar o nome de Jeová e não fazer caridade. Que a melhor caridade é fazer prosélitos. Mas quando está em jogo a vida humana, se depender de uma transfusão de sangue, não a aceitam nem a dão, e... que morra o paciente! Para eles a lei “Não matarás” foi abolida!
(Extraído do livro Radiografia do Jeovismo, de Arnaldo Christianini – CPB)

Paulo e o "cabelo grande!"

O apóstolo Paulo escreveu que é desonroso para o varão ter cabelos compridos, mas o fato é que a IASD tem representado a Jesus com os cabelos longos em suas ilustrações de livros e cartazes. Como é possível saber o comprimento dos cabelos de Jesus? Qual é a base da IASD para representá-Lo dessa forma? - T.


É verdade que Paulo menciona que "é desonroso para o homem usar cabelo comprido" (1Co 11:14). Mas, segundo o teólogo Ozeas Calsas Mooura, isso era na cultura greco-romana (gregos e romanos geralmente não usavam barbas e usavam cabelo curto). "Note que foi um conselho de Paulo para os membros da igreja de Corinto (uma cidade de cultura grega)", explica ele. "Entre os judeus, as mulheres usavam cabelo comprido, geralmente abaixo da cintura, e os homens cabelo comprido (geralmente até os ombros). Um exemplo de cabelo comprido nos homens é o de Absalão. Quando ficava grande demais, eles eram aparados, mas não curtos demais (ver 2Sm 14:26). Note que Absalão cortava os cabelos só uma vez por ano). Jesus deve ter usado cabelos aos ombros, como todo judeu. Daí o retratarmos de cabelos compridos. Mas, se numa determinada cultura cabelo grande não pegar bem para os homens, então deveria ser evitado."

Criação concluída na Sexta ou Sábado?

No livro de Gênesis certa tradução bíblica reza que "Deus terminou a Sua obra no sétimo dia". Por essa razão, alguns afirmam que Deus criou alguma coisa no sétimo dia. Essa tradução que diz que "Deus terminou Sua obra no sétimo dia" é correta? O que podemos argumentar com aqueles que ignoram o consenso geral das Escrituras e se apóiam nesse verso que parece dar "certa razão" para eles? T.

Gênesis 1:31 e 2:1 responde à sua pergunta. Ali é dito: "Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã o sexto dia. Assim, pois foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército." Percebe como o autor de Gênesis diz que Deus "acabou", "completou" Sua obra no sexto dia? Os dizeres de Gênesis 2:2 - "E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito" - devem ser entendidos à luz dos versos anteriores já citados. Ou seja, poderíamos traduzir assim: "Quando chegou o dia sétimo, havendo Deus já terminado a Sua obra, descansou nesse dia.

"Se houve alguma coisa feita no dia sétimo, foi a instituição do descanso do sábado, através do exemplo do próprio Criador.

O Mago que vendeu a Alma pra veder Milhões


A revista Veja desta semana publicou uma resenha da biografia do “mago” Paulo Coelho

(O Mago, editora Planeta, 632 páginas), escrita pelo jornalista Fernando Morais. Alguns trechos da matéria: “Longe de ser temerária, tamanha exposição íntima atesta a inteligência publicitária do escritor. Paulo Coelho atropelou um menino e fugiu sem prestar socorro? Consumiu drogas? Firmou pacto com o demônio? Sim, a biografia confirma tudo isso. Mas foram meros tropeços no caminho de um homem obstinado na realização de seu sonho: tornar-se famoso como escritor. No fim, o herói converte-se no Guerreiro da Luz, o sábio autor de O Alquimista. Os 100 milhões de livros que o mago vendeu em 160 países redimem (em tese) o passado vil.“Filho desgarrado de uma família de classe média conservadora do Rio de Janeiro, Coelho foi o típico doidão que a cultura hippie glamourizou na virada dos anos 60 para os 70. A biografia revela suas experiências alucinógenas e sexuais. Ele teve, por exemplo, relações com homens... só para concluir que, no fim das contas, não era homossexual. Mas nem tudo foi colorido nos anos de desbunde. Coelho passou por duas internações psiquiátricas e teve relacionamentos difíceis, beirando o patológico. O mais tumultuado deles foi o romance com a arquiteta Adalgisa Magalhães, a Gisa. Depois de se submeter a um aborto, ela teve uma depressão pesada. Coelho incentivou-a a tentar suicídio – por motivos meio místicos, meio psicanalíticos, achava que essa terapia de choque poderia ajudá-la.“Paulo Coelho fez muito dinheiro, nos anos 70, como parceiro do roqueiro Raul Seixas. Mas o que ele queria mesmo era fazer fama como escritor. Sua determinação começou a dar frutos com O Diário de um Mago, de 1987, e O Alquimista (até hoje seu maior sucesso, com 40 milhões de exemplares vendidos), do ano seguinte. O estilo pedestre e o misticismo de supermercado desses livros encontraram ressonância no grande público, mas desagradaram aos críticos. ...“Em uma entrevista à Playboy, em 1992, Coelho gabou-se do tempo em que viveu com duas mulheres em Londres. O biógrafo corrigiu-o: Coelho não dava conta das duas sozinho – havia um segundo homem na animada cama inglesa –, e uma delas mais tarde reclamaria da performance sexual do escritor. Morais só não desacredita Coelho no seu terreno de eleição, o misticismo. Epifanias, assombrações, visões angelicais – a biografia dá crédito a tudo o que é bobagem sobrenatural. Nas páginas que precedem essas aventuras mágicas, porém, Paulo Coelho aparece falsificando a assinatura do próprio pai, plagiando um texto de Carlos Heitor Cony e dando entrevistas sobre um encontro com John Lennon que nunca aconteceu. O leitor que conhece aritmética básica pode levantar a dúvida legítima: as aventuras sobrenaturais do tal ‘mago’ não serão invenções da mesma ordem? Paulo Coelho é um péssimo escritor, mas talvez seja um gênio da ficção.”A biografia de Morais também apresenta alguns trechos de diários e notas pessoais de Paulo Coelho, como esta, que trata das negociações para um pacto com o demônio, em 1971: “Senti que Você vinha fechando o círculo à minha volta, e sei que Você é mais forte que eu. Você tem mais interesse em comprar minha alma do que eu em vendê-la.”Nota: Como explicar o fato de um autor – que segundo a crítica é tão ruim – ter conseguido o feito de se tornar o escritor brasileiro mais conhecido? Para Veja, “a biografia dá crédito a tudo o que é bobagem sobrenatural”. Para quem sabe o que acontece nos bastidores do conflito entre o bem e o mal, a história do pacto é uma ótima explicação para o sucesso do “mago”. Com uma história assim tão manchada e um sucesso de origem duvidosa, o homem ainda quer ser o guia espiritual das pessoas...[MB]

O mapa da Via Láctea

Você é daqueles esquecidos que volta e meia perde um guarda chuva, esquece um casaco ou vive perdendo as chaves do carro? Não se lamente tanto, a Via Láctea também é assim, mas muito pior. Ela acaba de perder dois braços! [No dia 3] saiu o mais novo mapa da Galáxia com os dados do telescópio espacial Spitzer. Este era um dos principais projetos desse satélite que já está funcionando parcialmente depois de 5 anos de trabalhos.Desde a década de 1950 os astrônomos tentam desenhar nossa galáxia. Imagine só o problema, ter de fazer um mapa da sua cidade sem poder olhar de cima e nem mesmo sem poder sair da sua casa. O máximo permitido seria olhar pela janela e tentar rabiscar como seriam as ruas, a distribuição de parques e prédios. O problema com a Via Láctea é o mesmo, visto da Terra, como desenhar o mapa da galáxia inteira?Várias técnicas foram desenvolvidas para tentar suplantar este problema. Até hoje, as mais promissoras eram as técnicas de observação em rádio. Toda questão se resume em saber qual a distância dos aglomerados de estrelas, pois a direção é fácil, basta anotar a posição em que o telescópio está apontado. Pelo método rádio, a determinação da distância se baseia em muitas hipóteses combinadas e nem todas elas muito sólidas. Daí surgiu um mapa, repetido inúmeras vezes quando alguém quer mostrar como é nossa galáxia. Esse mapa mostra uma galáxia espiral barrada (com uma barra de estrelas bem no centro) com quatro braços. Que a Via Láctea parece ser uma galáxia espiral barrada já é consenso, mas o número de braços ainda é assunto para discussão.
Agora com este mapa do Spitzer, que observou boa parte da nossa galáxia em comprimentos de onda no infravermelho, nossa percepção da galáxia vai mudar.
Baseado em um método de contagens de estrelas, ou seja, observando em uma dada direção um programa de computador analisa as posições em que há maior concentração de estrelas, duas equipes de astrônomos lideradas por Robert Benjamin perceberam que faltavam estrelas onde se pensava haver dois braços, conhecidos como braço de Norma e Sagitário. Olhando para o braço de Scutum-Centauro, notaram que o número de estrelas aumentava como esperado, ou seja, o programa foi capaz de detectar um braço onde ele existia. Se na direção de Sagitário e Norma não foram detectadas altas concentrações de estrelas, então não há mesmo um braço por lá.Esse resultado é bastante interessante e vai trazer uma nova discussão: O que nos induziu a pensar que existiam mais dois braços na Via Láctea? Observações erradas ou modelos incompletos? O fato é que eu estou em um grupo de pesquisa que vem estudando a forma de nossa galáxia e que já há alguns anos nós estamos notando discrepâncias entre distâncias obtidas via rádio e obtidas via infravermelho. Nosso palpite sempre foi que os modelos são, no mínimo, incompletos. Ainda precisamos analisar este mapa com cuidado, pois ele saiu hoje [dia 3], mas parece que este é mais um ponto a nosso favor!
(Do blog Observatório, no G1 Notícias)
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